segunda-feira, 7 de julho de 2008

O Último Dia de um Suicida Realizado


...Eram dez horas da noite, estava no meu quarto pronto para deslumbrar o sentido da minha vida. Pelo jeito, será um momento rápido. Coloquei a corda no pescoço e pulei de uma altura de três metros do chão.



Oito horas da noite, estou tentando falar com a pessoa que considero meu melhor amigo, mas ele deve estar ocupado demais para falar comigo ou sei lá. Até entendo a vida dele, pois quer sempre ser o melhor, se destacar em tudo, isso requer grande ocupação mesmo. E quem sou eu para atrapalhar, mas afinal é meu amigo poxa! O que me levou a tentar falar com ele, foi o desconforto de ter brigado novamente com minha mãe, que sempre me apóia no que faço e mesmo assim exige que as coisas sejam do jeito que ela quer. Tenho que viver nessa contradição!



À tarde sempre tenho que fazer trabalhos da faculdade correndo para ver meu programa favorito na televisão. O programa não fala de nada, deve ser por isso que é o meu favorito. Ando até preocupado com isso, esse meu não querer nada, não pensar em nada. Por que temos que ser algo e ter alguma coisa? Mas deixa isso pra lá, afinal quem quer saber das minhas crises existenciais. Quem poderia apaziguar minhas dúvidas? Muita gente vem me falar de mil coisas, mas no fundo fico a pensar: só falam isso porque não é com você!



Já bem cedo, ir à faculdade é um dilema. Nossa, que futuro próspero terá a humanidade nas mãos desse bando de gente tagarela que sempre tem a razão de tudo. Faço minha parte, participo das aulas e mantenho uma convivência amigável com meus colegas. Pena que não falo tudo que quero, penso que se eu falasse eles não viriam mais assistir aula. Prefiro pensar assim! Inclusive, tenho uma colega que diz que sou complicado, estranho e tal, porém sou inteligente o suficiente para me perguntar todo dia qual a razão dessa minha vida, enquanto ela e muitos por aí apenas vivem no sentido sem sentido de vida.



Hoje é o grande dia. Conclui que a razão para minha vida é alcançável. A morte é a razão para existir. Então serei vitima de mim mesmo, pois sendo assim o sentido da minha vida será mais digno. Suicida? Vivi a vida procurando um sentido para viver, eu encontrei. És a morte a possibilidade para a impossibilidade. O sentido da minha vida é a impossibilidade. Celebrarei minha conquista conquistando-a. Enquanto aos que me acompanharam só digo que agora sou livre de mim mesmo. Acordei! Bom dia!


Lucas Alves

Ouvindo: Quem Sabe – Los Hermanos






2 comentários:

Anônimo disse...

Nunca vi nada igual!
Esse texto é muito bom!

Seu texto pode ser lido do começo para o fim como do fim para o começo!

foi de proposito?

Adorei

parabéns!

Anônimo disse...

Muito bacana.
É do tipo sonho louco que todo mundo tem um dia!

*obrigado pela visita.

um abraço