terça-feira, 25 de março de 2008

Na linha do Poeta



A IDÉIA

"De onde ela vem?! De que matéria bruta vem essa luz que sobre as nebulosas cal de incógnitas criptas misteriosas como as estalactites duma gruta?


Vem da psicogenética e alta luta Do feixe de moléculas nervosas, Que, em desintegrações maravilhosas, Delibera, e depois, quer e executa!


Vem do encéfalo absconso que a constringe, Chega em seguida às cordas da laringe, Tísica, tênue, mínima, raquítica...


Quebra a força centrípeta que a amarra, Mas, de repente, e quase morta, esbarraNo molambo da língua paralítica!"



Lucas Alves,

Sito: Augusto do Anjos

sexta-feira, 7 de março de 2008

Filosofar, pra quê?


Não podemos falar sobre filosofia sem antes falar sobre pensamento. Afinal, a filosofia não passa de um reflexo de nossa compreensão aliado a fatores doutrinários tais como categorização, sistematização, postulados, críticas, etc.


Atualmente, podemos afirmar um certo desinteresse em geral, salvo algumas execeções, das pessoas pela ciência do pensar.


Com a indústria cultural crescendo e se desenvolvendo a galopadas, disfarçadas no que se chama de globalização cultural, perdeu-se o interesse na filosofia, pois é muito mais fácio assistir a um filme do Spielber do que ler algo sobre qualquer filósofo.


A filosofia se tornou desinteressante pois não existe mais aquele atrativo de épocas passadas, afinal a televisão distrai muito mais e além disso ainda emburrece os telespectadores que perdem a vontade de questionar as coisas passando a serem apenas consumidores em massa, nunca se comprou tanto urubu voando quanto nas últimas décadas e ainda, quando mais aparecem produtos, mais bobos aparecem para consumir e assim cresce o clico vicioso que mantém o sistema capitalista.


O homem perdeu sua essência a parti do momento em que os meios de comunicação passaram a pensar por ele, portanto é inacabível que a filosofia possa sobreviver mais tempo do jeito que está.


Enquanto nos emburrecemos, livros de grandes gênios da humanidade empoeiram-se nas prateleiras dos sebos desperdiçando páginas e mais páginas de conhecimento útil para a vida de qualquer ser humano, e talvez até a solução para muitos problemas em nossa vida.


Ao invés de procurarmos soluções mais sábias, como por exemplo tais livros, procuramos encontrar nossas soluções em livros de auto-ajuda que não passam de puras formas precisas e bastantes claras de se enriquecer com a burrice alheia; não que a filosofia seja a dona da verdade, mas é muito fácio escrever o que todo mundo quer ouvir de uma forma, ou fórmula, bastante superficial e agradável, muito mais fácio é moldar os seres humanos ditando que eles devem ser de uma certa forma para conseguirem o que almejam, no século IV a.c. Aristóteles já dizia que isso não completaria ninguém e que nunca teríamos sucesso em nossos mais profundos desejos.


Admira-me que, hoje, quase três mil anos depois de Aristóteles, se empregue esse tipo de fórmula para o sucesso, será que entramos em involução? Será que o progresso é padronizar e tirar toda essência e toda raciolidade da espécie humana? Será que a filosofia pode fazer algo que a humanidade possa voltar a racionalizar por si próprio?


As previsões de Aldous Huxles estavam certas, este concebeu sua obra máxima "Admirável mundo novo": somos seres escravos de uma grande indústria e os selvagens sofrem as consequências brutais de estarem por foro dessa sociedade.


Acredito que só chegamos onde estamos devido a uma evolução ocorrida nos séculos XVII, XVIII, XIX, onde a razão imperava e o ser humano tinha melhores condições de usar seu cérebro de uma maneira mais independente, com a revolução dos meios de comunicação, a indústria de massa passou a pensar por nós e a nos controlar e também a de uma certa forma marginalizar quem tenta ficar de fora dela, uma vez que é impossível estar completamente fora.


Esse é nosso crucial problema, pois só iremos atingir um patamar superior na evolução humana quando pararmos de endeusar a ciência e tentar decobrir o que está de errado em nossa essência. E isso só será possível quando a humanidade tiver idéias próprias e, por fim tirarmos nossas mentes da estagnação que é nossa sociedade de consumo.


Cabe à filosofia cuidar disso, mas também cabe a todo ser humano que reside neste planeta redescrobrir a essência que está por baixo de todos os sonhos de consumo, de todos os juros dividendos e papéis que de nada servem a não ser para mostrar o retrato de nossa mediocridade.


Também cabe à filosofia construir métodos para que ela possa sobrviver à nossa era digital de superinformação e aniquilação de nosso pensamento. Nunca estivemos tão bem informados e tão burros ao mesmo tempo, chega a ser ridículo o ponto em que chagamos.


Se descomplicarmos certos preceitos filosóficos, tornando a filosofia mais acessível para as massas, teríamos um começo, mas a capacidade de questionar não cabe à filosofia e sim a cada um de nós. Não questionarmos nossas atitudes estaremos fadados à extinção de nosso planeta e da raça humana, porque nunca estivermos tão perto do caos quanto agora.




Lucas Alves, Goiânia 7 de março de 2008