segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Na estante, por um instante



E lá estava ele, novamente, como sempre no mesmo lugar.


Há bastante tempo vou à biblioteca para estudar, as vezes me distraiu observando as pessoas e as coisas do lugar. É estranho constatar que o silêncio das línguas abre espaço para a tagarelice mental. Eu não sou muito de conversar, isso devido ao fato de morar sozinha. Tem dias que até esqueço de falar, porém tenho uns diálogos silenciosos que só eu posso escutar. Pelo jeito a biblioteca é o meu lugar preferido.



Houve um dia que na biblioteca aconteceu algo estranho. Uma sensação que estava faltando algo na minha vida, mas sempre tive de tudo, convenhamos do bom e do melhor. Penso que toda pessoa já se sentiu assim algum dia. Tinha chegado na biblioteca, me acomodei no melhor lugar, levantei os olhos para o horizonte quando percebi, não sei como, mas ele chamou minha atenção.



Olhei para ele uma vez, olhei de novo, algo nele me atraiu, nunca tinha sentido isso antes, uma atração avassaladora, o que fazer? Assustada com o que sentia, levantei as pressas e fui embora, olhei para ele mais uma vez e novamente sentia uma atração estranha. Não pode ser! Como pode ser?




Já em casa, fiquei a pensar nele e me condenava por não ter ido lá, chegado perto e de uma forma inusitada me entregar. Então resolvi, amanhã bem cedo volto lá e sem frescuras irei me apresentar. Como isso é possível? O que ele tem de diferente dos outros? Não sei! Com certeza amanhã saberei.



Logo cedo fui à biblioteca. Cheguei, sentei, me acomodei e olhei, ele estava no mesmo lugar. Levantei e caminhei até ele com passos leves e tranqüilos, não queria me apressar. Perto dele, meus olhos iam a todos os detalhes, fiquei mais encantada. Respirei e pela expiração venho o ar que fiz vibrar minha língua ao pronunciar: esse é o livro da minha vida!







Lucas Alves