terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Encontros-contatos-relações

O encontro é reduzido ao “Oi! Como vai?”, dessa forma não nos atentamos para a imensidão de um contato pessoal, nem para a importância de um relacionamento. Esse reducionismo pertuba a dimensão de um dos pilares da essência humana. Pretendemos coligir algumas perspectivas conceituais para questionarmos o verdadeiro sentido de “encontro”, a dimensão de um contato e a relevância de uma relação, partindo da concepção de que o sujeito, necessariamente, para ser o que é precisa estar sempre “ao encontro de” ou “de encontro a”.
 
 
 
É preciso resgatarmos, de início, uma das máximas que mais circula na nossa mente e que acarreta na maneira de concebermos o encontro, “Os opostos se atraem”. Essa máxima veio da Física Moderna explicando o movimento eletrostático, onde fixa, em um dos seus princípios, que a atração e repulsão de cargas de mesmo sinais se repelem e cargas de sinais opostos se atraem. É interessante percebermos que essa formulação gira em torno do conceito de atração. A atração dos corpos físicos são provocados por cargas de energias que proveem do corpo em si e por si mesmo. Assim, no que implica ao significado de “encontro” nessa vertente, podemos salientar que é algo mecânico que se centra na carga e força dos corpos envolvidos. Dessa forma, esse parâmentro alinhado ao de “encontro intersubjetivo” causa a impressão de que quando há dois seres humanos juntos, necessariamente, há contradição aspectual entre ambos, assim o conflito é sinônimo de estar em sintônia plena.
 
 
 
Em contraposição, também circula a máxima “Os semelhantes se atraem”. Tal premissa foi proposta pelo movimento Novo Pensamento no final do séculos XIX, arregado de Espiritualidade. Para essa concepção, os pensamentos possuem uma energia que atrai energias semelhantes. A força que gera atração precisa ser recoberta de qualidade seja positiva ou negativa e isso desencadeia o encontro. Essa vertente centra-se nas espectativas subjetivas de quem lança-se ao encontro do que almeja, assim o desejo é o motor das realizações pessoais. Se consideramos essa posição no que diz respeito ao encontro intersubjetivo podemos afirmar que ele é algo previsível dentro das escalas conscientes ou inconscientes dos envolvidos, ou seja, é espaço para reafirmação de qualidades. Com isso, os liames das relações são pautados pela compreensão mutua.
 
 
 
De fato, “os opostos se atraem” ou “os semelhantes se atraem” são formas reduzidas de entender e realizar o encontro intersubjetivo, ou por tornar o encontro algo mecânico, ou por considerá-lo como consequência metafísica, e sem dúvida, essas vertentes atravessam nosso pensar-agir. Vamos tentar abstrair a questão para visualizar onde realmente acontence efetivamente o encontro intersubjetivo e suas consequências.
 
 
 
Se consideramos o encontro intersubjetivo como somente um contato entre duas ou mais pessoas, estaremos, de certa forma, referendando as concepções anteriomente expostas. Explicando a causa desse encontro ou porque somos diferentes e nos atraimos ou porque somos semelhantes e nos aproximamos. E ainda pior, delegamos a causa ao destino ou ao acaso, assim, considerando o algo superfícial. O encontro é na verdade uma materialização de elos que estão precedidos e situados no ambiente social ou cultural onde os envolvidos já compartilham de uma forma ou de outra.
 
 
 
Os envolvidos num contato já compartilham da existência pessoal, e essa é delimitada num espaço e tempo, assim afirmamos que a historicidade é o provocadora da atração, não por forças física, metafisica, por destino ou acaso. Se entramos em contato é porque já compartilhamos de condições em comuns, existência, espaço e tempo, e tudo isso dentro da historicidade, ou seja onde acontece o verdadeiro encontro. Esse pressuposto dilui a concepção de que a atração é simplesmente física por forças dos corpos. Com isso, configuramos a materialidade fisica do encontro intersubjetivo. Assim, todo contato pessoal já pressupoe um compartilhamento entre os envolvidos. Com isso, as atitudes precisam estar revestidas de outra dimensão. Nessa dimensão, o outro passa a existir para nós no primeiro contato, pois o situamos na nossa historicidade, é por isso que dizemos muitas vezes: “eu conheço ele ou ela”. Conhecer o “outro” no primeiro contato é ficar a par que ele ou ela já faz parte do “eu”, existe!
 
 
 
Após perfazermos a materialidade histórica do primeiro contato pessoal, é preciso levar em consideração que muitas vezes há o relacionamento, seja pessoalmente ou por recursos eletrônicos. Com tamanhas evoluções tecnológicas que favorecem a comunicação entre as pessoas, o fenômeno do relacionamento acontece pelos vários meios que contém na internet ou pelos meios presentes no aparelho telefônico. Do “contato” passa então para o processo de significação dos envolvidos. Depois de estarem a par da existência do outro por mediação do primeiro contato, entra em cena, por meio da comunicação, a busca por equalizar ideias e valores. Nesse envolvimento, ambos começam uma verdadeira troca de concepções que hora se igualam, hora se repelem, num movimento consciente ou inconsciente de atribuir ao outro um significado. É nesse instante que se apresenta o que corriqueiramente chamamos de “afinidade” ou “não afinidade”, sendo uma questão que envolve um fluxo enorme de conceitos e preceitos recolhidos na nossa própria históricidade. Assim, o relacionamento não acontece por motivo de semelhança ou oposição, mas por um processo de equalização de ideias e valores.


 
O contato pessoal é sempre um compartilhamento, já parte de um compartilhamento historicista (existência, espaço-tempo) para uma esqualização de significados entre os envolvidos, ou seja, o relacionamento. Há o compartilhamento de convicções sobre a vida, a sociedade, etc entre as pessoas, esse compartilhamento discursivo sem dúvida proporciona um processo de equalização mais pleno, mas isso não descarta que pessoas que compartilham convicções contrarias não entrem num processo de equalização, fato importante no relacionamento.
 
 
 
Para resumir, afirmamos que o encontro acontece (passado) antes mesmo do contato pessoal (presente), no compartilhamento da historicidade (existência, espaço-tempo) entre os envolvidos, após o primeiro contato, inicia-se o processo de equalização de ideias e convicções, desencadeando o relacionamento.
 
 
 
O suprassumo dessa questão é um convite para repensarmos os sentido de encontro. Considerando os outros uma parte integrante do que fui, do que sou e do que serei. Dizem que “todo encontro transforma”, mas só há transformação se tivermos a disposição para o envolvimento com desenvolvimento de ambos. Semelhantes e opostos já se encontraram na históricidade, situa-se sempre no passado. Se compartilhamos da mesma historicidade, temos a total disposição para o contato, e é no processo de equalização onde partilhamos os sentimentos e ideias, o relacionamento. Ressaltando que a amizade não é um sentimento, mas sim uma atitude. Assim, somos amigos desde o dia que nascemos!



Lucas Alves

sábado, 7 de janeiro de 2012

Acéfalo no seu dia a dia [Capítulo I]

Puta que pariu! Venho aqui nesse lugar de merda só pra te encontrar. Te chamo pra me fazer companhia e tu me falas falas essas coisas sem bom senso! É é eu sei que anda complicado por demais viver nesse mundo, sério? Há todo tipo de gente mesmo.... ah ah Venho aqui pra esse lugar de merda só para te encontrar e tu me fala essas coisas... Eu sei que tenho que me dedicar mais a nossa relação, tu me seduz toda vez que ti vejo. É! Pronto declarei, queria ser só teu amigo, tu me alegras nos melhores e piores momento desse meu estado de ser jogado no mundo.


Eu sei! Sei! Muita gente tapada gosta de tu, ah! Nesse tempo que venho te visitar ou tu vais até minha casa passamos horas conversando merdas e elaboramos teorias do caos, Hum! Não....não...amizade não quero mais! Me sinto atraido por ti! Te desejo! Vamos nos relacionar de forma mais intensa.

Pôooooo...entra dentro de mim! Sério? Não to pra brincadeiras nem para recitar versos de sabe lá quem...entra dentro de mim, me faz ver as estrelas com seus brilhos mais surreais. Olha eu vim aqui nesse lugar de merda só para te encontrar. O que? Não entendi! Ah! Não quero esse papo furado que tu já está mim, vai com esse teu romantismo pro inferno! Se tu fores para o inferno, eu vou atrás. Não tem jeito! Me ama! Eu te desejo! Entra dentro de mim!

Lembra daquele última conversa? Não lembra? Ah que merda de memória essa tua! Naquele dia foi muito bom, nosso contato me fez bem, por isso voltei! Entra dentro de mim! Como? Tu falas isso pra todos que vem te encontra! Babaca de merda!

Ôh!...Te amo! Entra dentro de mim! Não vai entrar não! Já entrou? Para de romantismo de merda...chega de espiritualismo forjado! Ah! Tu não entrou dentro de mim porra nenhuma! Quero sentir meus lábios molhados de desejo, meu corpo todo arrepiado, meus olhos revirando em graus graus graus! Amizade? Tensão? Amor? Que se dane! Entra dentro de mim!


Ahh ah ah ah ah ôoooo...gluglugluglu ah ah ah ôoo hum ai vish! Ah ah ah ah ôoooooooooo hum..

Entrou? Hum! Como é bom te sentir! Ah! Transcendi! Consigo ver, rever...amortesão!

...

Puta que pariu! Venho aqui nesse lugar de merda só para te encontrar. Te chamo pra me fazer companhia e tu me falas falas essas coisas...

Acabou? Se acabou? Eu acabei?

Hum! Vou te trocar por outra!

- Traz mais uma DOSE!

[Ao som de “Eu vou tirar você desse lugar” - Los Hermanos]

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

“Uni-vos”

Amor e Sexo?
Justição e Paz?
Você e Eu?
Homem e mulher?

Já pensou a consequência da conjunção aditiva “e” na sua vida?

Um dos conceitos que atravessa o pensamento do homem ocidental é o de separação. Isso mesmo, um conceito que ressalta uma visão ou a visão que ressalta o conceito. Platão, um filosófo grego da era clássica, já propunha no cerne de seu paradigma a concepção da separação entre corpo e alma, ou ideia e matéria. A ideia lá e as coisas aqui. Já seu grande discípulo, Aristóteles, elaborou uma propostas diferente a do seu mestre. Para Aristóteles ideia e matéria fundem-se na esfera do real.

Para Aristóteles, todos os seres são compostos de ato é potência, exceto Deus (ato puro) porque é perfeito e imutável. O movimento, a mudança, consiste na passagem de uma potência (o que é possível ser, capacidade, aptidão) a ato (sua realização, consumação). Nem o movimento, nem as mudanças modificam a essência do ser, porque o ser não se tranforma em nada que já não fosse antes (em potência). Assim, todos os seres concretos têm a mesma matéria-prima. Esta é indeterminada e constitui o principio da corporeidade dos seres concretos. Quem dá determinação à matéria-prima é a forma, o princípio que faz com que todos os seres sejam inteligíveis. O paradigma aristotélico afirma que a separação está na mente, sendo que a realidade matérial (natureza) em si é una.

Nas Ciência Naturais temos perspectivas que consideram o conceito de separação imprescindível para compreender a realidade. Para a Química, na natureza há um conjuto de elementos que compoem a matéria que para serem deslumbrados passam por um processo chamado análise imediata que tem como objetivo separar os elementos das substâncias. Já para a Biologia os seres precisam ser classificados dentro de uma escala de caracteristicas fisiologicas, sendo a classificação biológica um sistema que ordena os seres vivos e os destribui em grupos hierárquicos. Em Física temos o conceito de matéria que é qualquer coisas que possui massa, ocupa lugar no espaço (fisica) e está sujeito a inércia. A matéria é aquilo que forma as coisas e que pode ser observada como tal. A matéria é um conjunto somatório de componentes que a constitui, assim vislumbrar suas partes é de total importância para entender o todo. A leia é separar para visualizar.


Sem dúvida, os preceitos das Ciências Naturais causam uma reviravolta na maneira de vermos a realidade e de lidarmos com ela. Mas o que nos interessa aqui é questinonar se o conceito de separação altera a maneira de agirmos no mundo. Agir em relação aos outros, sendo esse outro tudo que está em nossa volta, vivente ou não. Se ver já é um agir, então é preciso partir da concepção de separação muito utilizada pelas Ciências Naturais, como exposto acima, para assim nos questionarmos melhor.


No âmbito da história da filosofia, há ditames que nos provoca pensar o conceito de separação. Delineamos as ideias de Hegel com a dísparidade de Marx, centrando-nos na dialética. A dialética hegeliana era a dialética do idealismo (nega a realizade individual das coisas distintas do “eu” e só lhes admite a ideia), e a dialética do materialismo que é a posição filosófica que considera a matéria como a única realidade e que nega a existência da alma de Deus. Ambas sustentam que a realidade e pensamento são a mesma coisa: as leis do pensamento são as leis da realizade. A realidade é contraditória, mas a contradição supera-se na síntese que é a “verdade” dos momentos superados. Hegel considera ontologicamente a contradição (antítese) e a superação (síntese); Marx considera historicamente como a contradição de classes vinculada a certo tipo de organização social. Hegel apresenta uma filosofia que procura demonstrar a perfeição do que existi; Marx apresenta uma filosofia revolucionária que procura demonstrar as contradições internas da sociedade de classes e as exigências de superação.

Nesse escopo, o conceito de separação ganha outra dimensão, sendo considerada como mera ilusão. Percebi-se isso já na convicção de que pensamento e realidade não se separam, contrariando o paradigma aristotélico de que a separação está na mente e não na realidade (natureza). Com isso, a metodologia da separação não é tão marcado como faz as Ciências Naturais, pois o que importa, na dialética, é perceber o processo de constituição da matéria num constante embate de opostos.

O nosso agir (considerado o tudo, a vida!) é voltado para o outro, pois o outro nos move, e nesse movimento há a transformação, há a história, há a constituição da realidade. No sistema que circunda a consciência humana, a todo momento é frizado o conceito de separação, a concepção da Física de que duas matérias não ocupam o mesmo espaço num mesmo tempo (impenetrabilidade), assim sendo cada ser é tido isoladamente. A separação causa o isolamento. Com isso, nosso agir em relação ao outro é de desagregação, gerando em nós mesmo o que a Psicologia chama de egoismo, egocentrismo ou o que outras Ciências Humanas chama de individualismo.

Considerando a separação como mediação do nosso agir, passamos a perceber o outro como algo afastado de nós, só que, assim como demonstrado pela dialética, o “eu” é consequência de um embate transformador com o outro. O outro é causador do movimento histórico de nosso existir. O outro sou eu, o eu são os outros. E esse paradigma realiza-se sim nas funções superiores do homem, abstraimos o “outro” no íntimo do “eu” e a consequência disso é o “nós”. Ver a realidade é perceber o “nós”. Assim, agirmos sobre ela é considerar que o todo é o uno. É importante ressaltar que o uno não quer dizer que somos todos iguais, pois é a diferença que possibilita reconhecer o outro.

Falar em tolerância, respeito, inclusão são subterfúgios para menter a ideologia da separação em nossa consciência. Se olharmos e agirmos levando em consideração o “nós”, não há razão para elaborarmos discursos que essas palavras são recorrentes.

Vivamos no “nós”!

AmorSexo...
JustiçãoPaz...
VocêEu...
HomemMulher...

Realizemos-nos!



Lucas Alves

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Re-fazer...




"Re" é uma partícula da língua que colocada na frente de outras palavras pode causar uma das mais intensas experiências. Mas esse "re" resgata um sentido altamente novo para o outro sentido que talvez não seja tão novo assim. Re-visamos!


O "trazer novamente"  algo que talvez esteja esquecido ou desconfigurado por outras tantas coisas não é tão simples, é necessário que se tenha disposição, pois entra em conflito o que já foi com o que é. Esse duelo constante entre o velho e o novo é o que movimenta a história.


Mudar é um processo que envolve uma complexa rede de sentimentos, pessoas, situações e conhecimentos. No entanto, quando o que é novo vem ao encontro do que não é tanto assim, a intensidade jovem quer por obrigação sugar o que é velho. O velho é considerado como o que admite o embate. A mudança vem daí, o que se foi com o que se é.


Mudar não é algo que vem só de fora pra dentro, mudar é admitir que o novo sempre vem...


Re-fazer é envolver o que já foi com o que é...fazer? Mas de novo?
O novo sempre vem...


Vamos colocar mais vezes o "Re" naquilo que seja digno de "re" ser! E assim  re-ser! 


Lucas Alves