segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Júlia, banheiro, divã



Júlia é uma jovem de vinte e dois anos que mora com a mãe no subúrbio da cidade. A moça havia feito vestibular para psicologia, porém não passou na prova. Daí resolveu cursar jornalismo, o curso não era muito do seu agrado. Enfim, passou no vestibular, só que agora para biologia. Júlia ama o curso.




De todas as moças dessa idade, sem dúvida, Júlia é a mais estranha de todas. As conversar da moça são um tanto ou quanto fora do padrão. Fala de tudo com todos, misturando dor com alegria, Mozar com Nirvana, um verdadeiro mosaico onde o "in-comum" é o tudo.




Os romances vividos por Júlia são típicas tragédias com repertórios épicos, ao som de trombeta fúnebre. Júlia, ainda, beija umas meninas para não cair na rotina, mas do que ela gosta mesmo é de sonhar com o príncipe encantado do filme Branca de Neve e os Sete Anões. A jovem Júlia teve uma melhor amiga que foi a grande culpada de ter levado-a fazer sessão terapêutica por um ano.




Hoje, Júlia não freqüenta a terapia, mas seu lugar preferido é o banheiro. Segundo a moça é no banheiro que as coisas acontecem. É lá que se entra em contato com o próprio corpo, reconhecendo a imundície. É no banheiro que se elimina o que não presta e não faz bem. Para a jovem cada ação no feita no banheiro é digna de graça.



O banheiro é o divã! Diz Júlia.







Lucas Alves

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Fale de você!


O mundo é linguagem, mais precisamente palavras. As coisas só passam a existirem quando damos nome a elas. Para nos situarmos, a primeira coisa que fazemos é nos cercarmos de palavras, e cada uma delas veem embutidas de significado, sendo esse a nossa base em tudo. O tudo não passa de meros conceitos presentes em nossa cabeça.




O conceito que temos é o que determina a forma como lidamos com a vivência. A palavra “amor”, por exemplo, pode significar algo para uma pessoa A completamente diferente do que significa para a pessoa B. A questão é que o conceito significativo que temos muitas vezes não são elaborações próprias, mas adotados de outras pessoas ou grupos. Tais conceitos são tido como convenções.




A parti disso, surgi nosso grande desafio: será mesmo que a maneira como agimos, pensamos é regido por um conceito de elaboração própria, ou estamos sendo padronizados pelos conceitos dos outros? O outro aqui são todas as pessoas que nos cercam, seja amigo ou amiga, pai ou mãe, ou um grupo.





Ouvi-se muito a frase: “vou mudar meus conceitos”, porém, a tarefa não é tão simples como parece. Se pode mudar o que se pensa, mas agir a partir disso requer uma verdadeira revolução.
O que entendemos por vida, por família, por amizade, por amor, por tristeza, por trabalho, enfim por tantas coisas. Será o que se pensa provêm de uma elaboração pessoal ou plagiamos o convencional que é mais fácil? Entretanto, o pior mesmo é viver de conceitos mal elaborados!



Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele
próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem
a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa
dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de
servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem de fazer uso
de teu próprio entendimento... (Kant)







Lucas Alves