quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

“Uni-vos”

Amor e Sexo?
Justição e Paz?
Você e Eu?
Homem e mulher?

Já pensou a consequência da conjunção aditiva “e” na sua vida?

Um dos conceitos que atravessa o pensamento do homem ocidental é o de separação. Isso mesmo, um conceito que ressalta uma visão ou a visão que ressalta o conceito. Platão, um filosófo grego da era clássica, já propunha no cerne de seu paradigma a concepção da separação entre corpo e alma, ou ideia e matéria. A ideia lá e as coisas aqui. Já seu grande discípulo, Aristóteles, elaborou uma propostas diferente a do seu mestre. Para Aristóteles ideia e matéria fundem-se na esfera do real.

Para Aristóteles, todos os seres são compostos de ato é potência, exceto Deus (ato puro) porque é perfeito e imutável. O movimento, a mudança, consiste na passagem de uma potência (o que é possível ser, capacidade, aptidão) a ato (sua realização, consumação). Nem o movimento, nem as mudanças modificam a essência do ser, porque o ser não se tranforma em nada que já não fosse antes (em potência). Assim, todos os seres concretos têm a mesma matéria-prima. Esta é indeterminada e constitui o principio da corporeidade dos seres concretos. Quem dá determinação à matéria-prima é a forma, o princípio que faz com que todos os seres sejam inteligíveis. O paradigma aristotélico afirma que a separação está na mente, sendo que a realidade matérial (natureza) em si é una.

Nas Ciência Naturais temos perspectivas que consideram o conceito de separação imprescindível para compreender a realidade. Para a Química, na natureza há um conjuto de elementos que compoem a matéria que para serem deslumbrados passam por um processo chamado análise imediata que tem como objetivo separar os elementos das substâncias. Já para a Biologia os seres precisam ser classificados dentro de uma escala de caracteristicas fisiologicas, sendo a classificação biológica um sistema que ordena os seres vivos e os destribui em grupos hierárquicos. Em Física temos o conceito de matéria que é qualquer coisas que possui massa, ocupa lugar no espaço (fisica) e está sujeito a inércia. A matéria é aquilo que forma as coisas e que pode ser observada como tal. A matéria é um conjunto somatório de componentes que a constitui, assim vislumbrar suas partes é de total importância para entender o todo. A leia é separar para visualizar.


Sem dúvida, os preceitos das Ciências Naturais causam uma reviravolta na maneira de vermos a realidade e de lidarmos com ela. Mas o que nos interessa aqui é questinonar se o conceito de separação altera a maneira de agirmos no mundo. Agir em relação aos outros, sendo esse outro tudo que está em nossa volta, vivente ou não. Se ver já é um agir, então é preciso partir da concepção de separação muito utilizada pelas Ciências Naturais, como exposto acima, para assim nos questionarmos melhor.


No âmbito da história da filosofia, há ditames que nos provoca pensar o conceito de separação. Delineamos as ideias de Hegel com a dísparidade de Marx, centrando-nos na dialética. A dialética hegeliana era a dialética do idealismo (nega a realizade individual das coisas distintas do “eu” e só lhes admite a ideia), e a dialética do materialismo que é a posição filosófica que considera a matéria como a única realidade e que nega a existência da alma de Deus. Ambas sustentam que a realidade e pensamento são a mesma coisa: as leis do pensamento são as leis da realizade. A realidade é contraditória, mas a contradição supera-se na síntese que é a “verdade” dos momentos superados. Hegel considera ontologicamente a contradição (antítese) e a superação (síntese); Marx considera historicamente como a contradição de classes vinculada a certo tipo de organização social. Hegel apresenta uma filosofia que procura demonstrar a perfeição do que existi; Marx apresenta uma filosofia revolucionária que procura demonstrar as contradições internas da sociedade de classes e as exigências de superação.

Nesse escopo, o conceito de separação ganha outra dimensão, sendo considerada como mera ilusão. Percebi-se isso já na convicção de que pensamento e realidade não se separam, contrariando o paradigma aristotélico de que a separação está na mente e não na realidade (natureza). Com isso, a metodologia da separação não é tão marcado como faz as Ciências Naturais, pois o que importa, na dialética, é perceber o processo de constituição da matéria num constante embate de opostos.

O nosso agir (considerado o tudo, a vida!) é voltado para o outro, pois o outro nos move, e nesse movimento há a transformação, há a história, há a constituição da realidade. No sistema que circunda a consciência humana, a todo momento é frizado o conceito de separação, a concepção da Física de que duas matérias não ocupam o mesmo espaço num mesmo tempo (impenetrabilidade), assim sendo cada ser é tido isoladamente. A separação causa o isolamento. Com isso, nosso agir em relação ao outro é de desagregação, gerando em nós mesmo o que a Psicologia chama de egoismo, egocentrismo ou o que outras Ciências Humanas chama de individualismo.

Considerando a separação como mediação do nosso agir, passamos a perceber o outro como algo afastado de nós, só que, assim como demonstrado pela dialética, o “eu” é consequência de um embate transformador com o outro. O outro é causador do movimento histórico de nosso existir. O outro sou eu, o eu são os outros. E esse paradigma realiza-se sim nas funções superiores do homem, abstraimos o “outro” no íntimo do “eu” e a consequência disso é o “nós”. Ver a realidade é perceber o “nós”. Assim, agirmos sobre ela é considerar que o todo é o uno. É importante ressaltar que o uno não quer dizer que somos todos iguais, pois é a diferença que possibilita reconhecer o outro.

Falar em tolerância, respeito, inclusão são subterfúgios para menter a ideologia da separação em nossa consciência. Se olharmos e agirmos levando em consideração o “nós”, não há razão para elaborarmos discursos que essas palavras são recorrentes.

Vivamos no “nós”!

AmorSexo...
JustiçãoPaz...
VocêEu...
HomemMulher...

Realizemos-nos!



Lucas Alves

Um comentário:

Anônimo disse...

Perfeito

outra forma de ver